28 de setembro de 2009



Carta N° VI



Oh, impiedoso Bardo

Tu, que reges os formosos termos

Que fazes sutil comigo?

Por que desnorteias ainda mais

a minha vida já sem Norte?


Oh, ente irresoluto

Tu, que sempre cá estiveste

Tão presente, que eu nem apercebi-me

do momento em que chegaste mais perto


Oh, amigo estimado

Que fez-te transformar-se?

Ou terias sido assim sempre?

E eu, que em secreta solidão,

vi algo mui belo,

maior do que aquilo que cá reside?





Sou o protagonista

da carta dos ciganos,

dividido entre a amargura amiga

e o incerto contento.





L. B. Morgandy

26.09.2009


Um comentário:

  1. Oh, amigo estimado

    Que fez-te transformar-se?

    Ou terias sido assim sempre?

    E eu, que em secreta solidão,

    vi algo mui belo,

    maior do que aquilo que cá reside?


    O que é a corte? A ave que arrasta uma cauda confusa por sobre o caminho de fezes que cria, em certo momento, cria um dos mais belos espetáculos: abre e abana o leque por tempo suficiente a garantir o que procura:

    Que se enamorem.

    O que é enamorar-se? É enxergar apenas a bela cauda reluzente.
    É fase bela e encantadora de deleitar-se com tudo que reluz, que faz sonhar, que faz o vislumbre de um futuro juntos ser a única fonte de alegria. Para sempre e amém.

    Ninguém engana e ninguém é enganado, mas essa é a sensação após um tempo. Se não valesse a pena (quando a alma não é pequena), não pularíamos de cabeça e com um sorriso no rosto.

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