Carta N° VI
Oh, impiedoso Bardo
Tu, que reges os formosos termos
Que fazes sutil comigo?
Por que desnorteias ainda mais
a minha vida já sem Norte?
Oh, ente irresoluto
Tu, que sempre cá estiveste
Tão presente, que eu nem apercebi-me
do momento em que chegaste mais perto
Oh, amigo estimado
Que fez-te transformar-se?
Ou terias sido assim sempre?
E eu, que em secreta solidão,
vi algo mui belo,
maior do que aquilo que cá reside?
Sou o protagonista
da carta dos ciganos,
dividido entre a amargura amiga
e o incerto contento.
L. B. Morgandy
26.09.2009
Oh, amigo estimado
ResponderExcluirQue fez-te transformar-se?
Ou terias sido assim sempre?
E eu, que em secreta solidão,
vi algo mui belo,
maior do que aquilo que cá reside?
O que é a corte? A ave que arrasta uma cauda confusa por sobre o caminho de fezes que cria, em certo momento, cria um dos mais belos espetáculos: abre e abana o leque por tempo suficiente a garantir o que procura:
Que se enamorem.
O que é enamorar-se? É enxergar apenas a bela cauda reluzente.
É fase bela e encantadora de deleitar-se com tudo que reluz, que faz sonhar, que faz o vislumbre de um futuro juntos ser a única fonte de alegria. Para sempre e amém.
Ninguém engana e ninguém é enganado, mas essa é a sensação após um tempo. Se não valesse a pena (quando a alma não é pequena), não pularíamos de cabeça e com um sorriso no rosto.